A palavra Bíblia vem do grego, através do latim, e significa: livros
A Bíblia já foi traduzida por mais de 1500 línguas e dialetos.
A Bíblia inteira foi escrita num período que abrange mais de 1600 anos.
Curiosidades Bíblicas // Viva a Vida com Jesus
No ano de 1250 o cardeal Caro dividiu a Bíblia em capítulos, que foram divididos em versículos no ano de 1550, por Robert Stevens.
É uma obra de cerca de 40 autores, das mais variadas profissões: de humildes agricultores, pescadores até renomados reis.
O Antigo Testamento foi escrito em hebraico, com exceção de algumas passagens em Esdras, Jeremias e Daniel que foram escritas em aramaico.
O Novo Testamento foi escrito em grego.
O Codex Vaticanus é provavelmente o mais antigo exemplar da Bíblia em forma completa.
A primeira tradução completa da Bíblia para o inglês foi feita por Wycliffe, em 1380.
Martinho Lutero foi o primeiro tradutor da Bíblia para a língua do povo alemão.
Na biblioteca da Universidade de Gottingen, Alemanha, existe uma Bíblia que foi escrita em 470 folhas de palmeira.
O primeiro Salmo encontra-se em II Samuel 1:19-27, uma elegia de Davi em memória de Saul e seu filho Jônatas.
A Bíblia contém 1189 capítulos e 31102 versículos.
Ester 8:9 é o maior versículo da Bíblia.
No livro de Ester e no livro de Cantares não se encontra a palavra Deus.
O Antigo Testamento termina com uma maldição, e o Novo Testamento termina com uma benção.
O último livro da Bíblia a ser escrito foi III São João.
Há 3573 promessas na Bíblia.
O livro de Isaías assemelha-se a uma pequena Bíblia: contém 66 capítulos; os primeiros 39 falam da história passada, e os 27 restantes apresentam promessas do futuro.
Dos quatro evangelistas só dois andaram com Jesus; Marcos e Lucas não foram seus discípulos.
Todos os versos do Salmo 136 terminam com o mesmo estribilho: "Porque a Sua misericórdia dura para sempre."
O profeta que veio depois de Malaquias foi João Batista.
Judas foi o único dos doze apóstolos que não era Galileu.
João era o discípulo mais jovem dos doze.
Os versículos 8, 15, 21 e 31 do Salmo 107 são iguais.
Matusalém, o homem mais velho da Bíblia, morreu antes de seu pai, Enoque, que ascendeu ao Céu.
Ló era o pai de Moabe e Bem-ami, e também o avô dos dois porque "as duas filhas de Ló conceberam do próprio pai". (Gen. 19:36-38)
A única idade de mulher que se menciona na Bíblia é a de Sara (Gên. 23:1)
Além de Jesus, Elias e Moisés foram os únicos homens que jejuaram 40 dias e 40 noites. (I Reis 19:8 e Deut. 9:9)
Adão não teve sogra.
A arca de Noé tinha três andares. (Gên. 6:16)
O Salmo 119 é o mais longo da Bíblia, é um acróstico. Os 176 versículos acham-se divididos em 22 seções de oito versos cada uma, correspondendo a cada uma das letras do alfabeto hebraico.
Em Gate houve um homem de grande estatura, que tinha 6 dedos em cada mão e em cada pé. (II Samuel 21:20)
Elias teve o privilégio de comer uma refeição preparada por um anjo.
Existem muitos dados curiosos relativos às estatísticas bíblicas. Um dos números que mais aparece na Bíblia é o 7. Entre os Hebreus este número era considerado sagrado e símbolo da perfeição.
Noé tinha 600 anos quando terminou a arca.
O sábio Salomão deixou mais de três mil provérbios.
A operação matemática mais rendosa foi efetuada por Jesus quando multiplicou 5 pães e 2 peixes para alimentar a mais de cinco mil pessoas e ainda sobraram 12 cestos cheios.
Talento era uma moeda grega que valia o equivalente a uns mil e quinhentos dólares.
Judas vendeu a Jesus por 30 moedas de prata, equivalentes a uns 20 dólares.
Calcula-se que o presente que Naamã ofereceu a Eliseu, do qual Geazi finalmente se apropriou, equivalia a uns 48.000 dólares.
Tiago, filho de Zebedeu, foi o primeiro dos apóstolos a morrer por sua fé. Foi decapitado a espada por ordem do rei Herodes Agripa I, por volta do ano 44 de nossa era.
Paulo, o grande apóstolo dos gentios, foi decapitado em Roma por ordem do tirano Nero.
Em I Samuel 17:18, o queijo é mencionado pela primeira vez na Bíblia.
Em juízes 14:18 encontramos um dos exemplos mais antigos de enigma.
Dois reis dos Amorreus foram postos em fuga por vespões.
A última cidade mencionada na Bíblia é a cidade santa. (Apoc. 22:19)
Salmo 117 é o capítulo mais curto da Bíblia
Salmo 118 é o capítulo que está no centro da Bíblia. Há 594 capítulos antes e depois do Salmo 118
O Versículo que se encontra no centro da Bíblia está em Salmo 118:8.
"Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisso com toda a perseverança e súplica por todos os santos" (Ef 6.18).
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
domingo, 26 de dezembro de 2010
CARTA A UM UNIVERSITÁRIO CRISTÃO.
Caro irmão em Cristo,
Você tem o privilégio de freqüentar um curso superior, algo que não está disponível para muitos brasileiros como você. Todavia, esse privilégio implica em muitas responsabilidades e em alguns desafios especiais. Um desses desafios diz respeito a como conciliar a sua fé com determinados ensinos e conceitos que lhe têm sido transmitidos na vida acadêmica.
Até ingressar na universidade, você viveu nos círculos protegidos do lar e da igreja. Nunca a sua fé havia sido diretamente questionada. Talvez, por vezes, você tenha se sentido um tanto desconfortável com certas coisas lidas em livros e revistas, com opiniões emitidas na televisão ou com alguns comentários de amigos e conhecidos. Porém, de um modo geral, você se sentia seguro quanto às suas convicções, ainda que nunca tivesse refletido sobre elas de modo mais aprofundado.
Agora, no ambiente secularizado e muitas vezes abertamente incrédulo da universidade você tem ficado exposto à idéias e teorias que se chocam frontalmente com a sua fé até então singela, talvez ingênua, da infância e da adolescência. Os professores, os livros, as aulas e as conversas com os colegas têm mostrado outras perspectivas sobre vários assuntos, as quais parecem racionais, científicas, evoluídas.
Alguns de seus valores e crenças parecem agora menos convincentes e você se sente pouco à vontade para expressá-los. Para ajudá-lo a enfrentar esses desafios, eu gostaria de fazer algumas considerações e chamar a sua atenção para alguns dados importantes.
Em primeiro lugar você não deve ficar excessivamente preocupado com as suas dúvidas e inquietações. Até certo ponto, ter dúvidas é algo que pode ser benéfico porque o ajuda a examinar melhor a sua fé, conhecer os argumentos contrários e adquirir convicções mais sólidas. O apóstolo Paulo queria que os coríntios tivessem uma fé testada, amadurecida, e por isso recomendou-lhes: “Examinem-se para ver se vocês estão na fé; provem a si mesmos” (II Co 13.5). As dúvidas mal resolvidas realmente podem ser fatais, mas quando dão oportunidade para que a pessoa tenha uma fé mais esclarecida e consciente, resultam em crescimento espiritual e maior eficácia no testemunho. O apóstolo Pedro exortou os cristãos no sentido de estarem “sempre preparados para responder a qualquer pessoa que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês” (I Pe 3.15).
Além disso, você deve colocar em perspectiva de afirmações feitas por seus professores e colegas em matérias de fé religiosa. Lembre-se que todas as pessoas são influenciadas por pressupostos, e isso certamente inclui aqueles que atuam nos meios universitários. A idéia de que os professores e cientistas sempre pautam as suas ações pela mais absoluta isenção e objetividade é um mito. Por exemplo, muitos intelectuais acusam a religião de ser dogmática e autoritária, de cercear a liberdade das pessoas e desrespeitar a sua consciência. Isso até pode ocorrer em muitos casos, mas a questão aqui é a seguinte: Estão os intelectuais livres desse problema? A experiência mostra que os ambientes acadêmicos e científicos podem ser tão autoritários e cerceadores quanto quaisquer outras esferas da atividade humana. Existem departamentos universitários que são controlados por professores materialistas de diversos naipes – agnósticos, existencialistas e marxistas. Muitos alunos cristãos desses cursos são ridicularizados por causa de suas convicções, não têm a liberdade de expor seus pontos de vista religiosos e são tolhidos em seu desejo de apresentar perspectivas cristãs em suas monografias, teses ou dissertações. Portanto, verifica-se que certas ênfases encontradas nesses meios podem ser ditadas simplesmente por pressupostos ou preconceitos anti-religiosos e anticristãos, em contraste com o verdadeiro espírito de tolerância e liberdade acadêmica.
Você, estudante cristão que se sente ameaçado no ambiente universitário, deve lembrar que esse ambiente é constituído de pessoas imperfeitas e limitadas que lidam com seus próprios conflitos, dúvidas e contradições, e que muitas dessas pessoas foram condicionadas por sua formação familiar ou educacional a sentirem uma forte aversão pela fé religiosa. Tais indivíduos, sejam eles professores ou alunos, precisam não do nosso assentimento às suas posições anti-religiosas, mas do nosso testemunho coerente, para que também possam crer no Deus revelado em Cristo e encontrem o significado maior de suas vidas.
Todavia, ao lado dessas questões mais pessoais e subjetivas, existem alegações bastante objetivas que fazem com que você se sinta abalado em suas convicções cristãs. Uma dessas alegações diz respeito ao suposto conflito entre fé e ciência. O cristianismo não vê esse impasse, entendendo que se trata de duas esferas distintas, ainda que complementares. Deus é o criador tanto do mundo espiritual quanto do mundo físico e das leis que o regem. Portanto, a ciência corretamente entendida não contradiz a fé, elas tratam de realidades distintas ou das mesmas realidades a partir de diferentes perspectivas. O problema surge quando um intelectual, influenciado por pressupostos materialistas, afirma que toda a realidade é material e que nada que não possa ser comprovado cientificamente pode existir. O verdadeiro espírito científico e acadêmico não se harmoniza com uma atitude estreita dessa natureza, que decide certas questões por exclusão ou por antecipação.
Mas vamos a alguns tópicos mais específicos. Você, universitário cristão, pode ouvir em sala de aula questionamentos de diversas modalidades: acerca da religião em geral (uma construção humana para responder aos anseios e temores humanos), de Deus (não existe ou então existe, mas é impessoal e não se relaciona com o mundo), da Bíblia (um livro meramente humano, repleto de mitos e contradições), de Jesus Cristo (nunca existiu ou foi apenas um líder carismático), da criação (é impossível, visto que a evolução explica tudo o que existe), dos milagres (invenções supersticiosas, uma vez que conflitam com os postulados da ciência), e assim por diante. Não temos aqui espaço para responder a todas essas alegações, mas perguntamos: Quem conferiu às pessoas que emitem esses julgamentos a prerrogativa de terem a última palavra sobre tais assuntos? Por que deve um universitário cristão aceitar tacitamente essas alegações, tantas vezes motivadas por preferências pessoais e subjetivas de seus mestres, como se fossem verdades definitivas e inquestionáveis?
O fato é que, desde o início, os cristãos se defrontam com críticas e contestações de toda espécie. Nos primeiros séculos da era cristã, muitos pagãos acusaram os cristãos de incesto, canibalismo, subversão e até mesmo ateísmo. Foram especialmente contundentes as críticas feitas por homens cultos como Porfírio e Celso, que questionaram a Escritura, as noções de encarnação e ressurreição, e outros pontos. Eles alegavam que o cristianismo era uma religião de gente ignorante e supersticiosa. Em resposta a esses ataques intelectuais surgiu um grupo de escritores e teólogos que ficaram conhecidos como os apologistas e os polemistas. Dentre eles podem ser citados Justino Mártir, Irineu de Lião, Tertuliano, Clemente de Alexandria e Orígenes, que produziram notáveis obras em defesa da fé cristã.
Em nosso tempo, também têm surgido grandes defensores da cosmovisão cristã, tais como Cornelius Van Til, C. S. Lewis, Francis Schaeffer, R. C. Sproul, John Stott e outros, que têm utilizado não somente a Bíblia, mas a teologia, a filosofia e a própria ciência para debater com os proponentes do secularismo. Além deles, outros autores têm publicado obras mais populares acerca do assunto, apresentando argumentos convincentes em resposta às alegações anticristãs. Dois bons exemplos recentes são o livro de Lee Strobel, Em Defesa da Fé (www.editoravida.com.br), que possui um capítulo especialmente instrutivo sobre uma questão até hoje não aclarada pela ciência, ou seja, a origem da vida, e o livro de Phillip Johnson, Ciência, Intolerância e Fé (www.ultimato.com.br), cujo subtítulo já diz muito: “A cunha da verdade: rompendo os fundamentos do naturalismo”. É importante que você, universitário cristão, leia esses autores, familiarize-se com seus argumentos e reflita de maneira cuidadosa sobre a sua fé, a fim de que possa resistir à sedução dos argumentos divulgados nos meios acadêmicos.
Outra iniciativa importante que você deve tomar é aproximar-se de outros estudantes que compartilham as mesmas convicções. É muito difícil enfrentar sozinho as opiniões contrárias de um sistema ou de uma comunidade. Por isso, envolva-se com um grupo de colegas cristãos que se reúnam para conversar sobre esses temas, compartilhar experiências, apoiar-se mutuamente e cultivar a vida espiritual. Muitas universidades têm representantes da ABU – Aliança Bíblica Universitária, e de outras organizações cristãs idôneas que visam precisamente oferecer auxílio aos estudantes que se deparam com esses desafios. Não deixe também de participar da igreja onde você encontra comunhão genuína e alimento sólido para a sua vida com Deus.
Em conclusão, procure encarar de maneira construtiva os desafios com que está se defrontando. Veja-os não como incômodos, mas como oportunidades dadas por Deus para ter uma fé mais madura e consciente, para conhecer melhor as Escrituras, para inteirar-se das críticas ao cristianismo e de como responder a elas, para dar o seu testemunho diante dos seus professores e colegas, por palavras e ações. Saiba que você não está só nessa empreitada. Além de irmãos que intercedem por sua vida, você conta com a presença, a força e a sabedoria do Senhor. Muitos já passaram por isso e foram vitoriosos. Meu desejo sincero é que o mesmo acontece com você. Deus o abençoe!
Você tem o privilégio de freqüentar um curso superior, algo que não está disponível para muitos brasileiros como você. Todavia, esse privilégio implica em muitas responsabilidades e em alguns desafios especiais. Um desses desafios diz respeito a como conciliar a sua fé com determinados ensinos e conceitos que lhe têm sido transmitidos na vida acadêmica.
Até ingressar na universidade, você viveu nos círculos protegidos do lar e da igreja. Nunca a sua fé havia sido diretamente questionada. Talvez, por vezes, você tenha se sentido um tanto desconfortável com certas coisas lidas em livros e revistas, com opiniões emitidas na televisão ou com alguns comentários de amigos e conhecidos. Porém, de um modo geral, você se sentia seguro quanto às suas convicções, ainda que nunca tivesse refletido sobre elas de modo mais aprofundado.
Agora, no ambiente secularizado e muitas vezes abertamente incrédulo da universidade você tem ficado exposto à idéias e teorias que se chocam frontalmente com a sua fé até então singela, talvez ingênua, da infância e da adolescência. Os professores, os livros, as aulas e as conversas com os colegas têm mostrado outras perspectivas sobre vários assuntos, as quais parecem racionais, científicas, evoluídas.
Alguns de seus valores e crenças parecem agora menos convincentes e você se sente pouco à vontade para expressá-los. Para ajudá-lo a enfrentar esses desafios, eu gostaria de fazer algumas considerações e chamar a sua atenção para alguns dados importantes.
Em primeiro lugar você não deve ficar excessivamente preocupado com as suas dúvidas e inquietações. Até certo ponto, ter dúvidas é algo que pode ser benéfico porque o ajuda a examinar melhor a sua fé, conhecer os argumentos contrários e adquirir convicções mais sólidas. O apóstolo Paulo queria que os coríntios tivessem uma fé testada, amadurecida, e por isso recomendou-lhes: “Examinem-se para ver se vocês estão na fé; provem a si mesmos” (II Co 13.5). As dúvidas mal resolvidas realmente podem ser fatais, mas quando dão oportunidade para que a pessoa tenha uma fé mais esclarecida e consciente, resultam em crescimento espiritual e maior eficácia no testemunho. O apóstolo Pedro exortou os cristãos no sentido de estarem “sempre preparados para responder a qualquer pessoa que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês” (I Pe 3.15).
Além disso, você deve colocar em perspectiva de afirmações feitas por seus professores e colegas em matérias de fé religiosa. Lembre-se que todas as pessoas são influenciadas por pressupostos, e isso certamente inclui aqueles que atuam nos meios universitários. A idéia de que os professores e cientistas sempre pautam as suas ações pela mais absoluta isenção e objetividade é um mito. Por exemplo, muitos intelectuais acusam a religião de ser dogmática e autoritária, de cercear a liberdade das pessoas e desrespeitar a sua consciência. Isso até pode ocorrer em muitos casos, mas a questão aqui é a seguinte: Estão os intelectuais livres desse problema? A experiência mostra que os ambientes acadêmicos e científicos podem ser tão autoritários e cerceadores quanto quaisquer outras esferas da atividade humana. Existem departamentos universitários que são controlados por professores materialistas de diversos naipes – agnósticos, existencialistas e marxistas. Muitos alunos cristãos desses cursos são ridicularizados por causa de suas convicções, não têm a liberdade de expor seus pontos de vista religiosos e são tolhidos em seu desejo de apresentar perspectivas cristãs em suas monografias, teses ou dissertações. Portanto, verifica-se que certas ênfases encontradas nesses meios podem ser ditadas simplesmente por pressupostos ou preconceitos anti-religiosos e anticristãos, em contraste com o verdadeiro espírito de tolerância e liberdade acadêmica.
Você, estudante cristão que se sente ameaçado no ambiente universitário, deve lembrar que esse ambiente é constituído de pessoas imperfeitas e limitadas que lidam com seus próprios conflitos, dúvidas e contradições, e que muitas dessas pessoas foram condicionadas por sua formação familiar ou educacional a sentirem uma forte aversão pela fé religiosa. Tais indivíduos, sejam eles professores ou alunos, precisam não do nosso assentimento às suas posições anti-religiosas, mas do nosso testemunho coerente, para que também possam crer no Deus revelado em Cristo e encontrem o significado maior de suas vidas.
Todavia, ao lado dessas questões mais pessoais e subjetivas, existem alegações bastante objetivas que fazem com que você se sinta abalado em suas convicções cristãs. Uma dessas alegações diz respeito ao suposto conflito entre fé e ciência. O cristianismo não vê esse impasse, entendendo que se trata de duas esferas distintas, ainda que complementares. Deus é o criador tanto do mundo espiritual quanto do mundo físico e das leis que o regem. Portanto, a ciência corretamente entendida não contradiz a fé, elas tratam de realidades distintas ou das mesmas realidades a partir de diferentes perspectivas. O problema surge quando um intelectual, influenciado por pressupostos materialistas, afirma que toda a realidade é material e que nada que não possa ser comprovado cientificamente pode existir. O verdadeiro espírito científico e acadêmico não se harmoniza com uma atitude estreita dessa natureza, que decide certas questões por exclusão ou por antecipação.
Mas vamos a alguns tópicos mais específicos. Você, universitário cristão, pode ouvir em sala de aula questionamentos de diversas modalidades: acerca da religião em geral (uma construção humana para responder aos anseios e temores humanos), de Deus (não existe ou então existe, mas é impessoal e não se relaciona com o mundo), da Bíblia (um livro meramente humano, repleto de mitos e contradições), de Jesus Cristo (nunca existiu ou foi apenas um líder carismático), da criação (é impossível, visto que a evolução explica tudo o que existe), dos milagres (invenções supersticiosas, uma vez que conflitam com os postulados da ciência), e assim por diante. Não temos aqui espaço para responder a todas essas alegações, mas perguntamos: Quem conferiu às pessoas que emitem esses julgamentos a prerrogativa de terem a última palavra sobre tais assuntos? Por que deve um universitário cristão aceitar tacitamente essas alegações, tantas vezes motivadas por preferências pessoais e subjetivas de seus mestres, como se fossem verdades definitivas e inquestionáveis?
O fato é que, desde o início, os cristãos se defrontam com críticas e contestações de toda espécie. Nos primeiros séculos da era cristã, muitos pagãos acusaram os cristãos de incesto, canibalismo, subversão e até mesmo ateísmo. Foram especialmente contundentes as críticas feitas por homens cultos como Porfírio e Celso, que questionaram a Escritura, as noções de encarnação e ressurreição, e outros pontos. Eles alegavam que o cristianismo era uma religião de gente ignorante e supersticiosa. Em resposta a esses ataques intelectuais surgiu um grupo de escritores e teólogos que ficaram conhecidos como os apologistas e os polemistas. Dentre eles podem ser citados Justino Mártir, Irineu de Lião, Tertuliano, Clemente de Alexandria e Orígenes, que produziram notáveis obras em defesa da fé cristã.
Em nosso tempo, também têm surgido grandes defensores da cosmovisão cristã, tais como Cornelius Van Til, C. S. Lewis, Francis Schaeffer, R. C. Sproul, John Stott e outros, que têm utilizado não somente a Bíblia, mas a teologia, a filosofia e a própria ciência para debater com os proponentes do secularismo. Além deles, outros autores têm publicado obras mais populares acerca do assunto, apresentando argumentos convincentes em resposta às alegações anticristãs. Dois bons exemplos recentes são o livro de Lee Strobel, Em Defesa da Fé (www.editoravida.com.br), que possui um capítulo especialmente instrutivo sobre uma questão até hoje não aclarada pela ciência, ou seja, a origem da vida, e o livro de Phillip Johnson, Ciência, Intolerância e Fé (www.ultimato.com.br), cujo subtítulo já diz muito: “A cunha da verdade: rompendo os fundamentos do naturalismo”. É importante que você, universitário cristão, leia esses autores, familiarize-se com seus argumentos e reflita de maneira cuidadosa sobre a sua fé, a fim de que possa resistir à sedução dos argumentos divulgados nos meios acadêmicos.
Outra iniciativa importante que você deve tomar é aproximar-se de outros estudantes que compartilham as mesmas convicções. É muito difícil enfrentar sozinho as opiniões contrárias de um sistema ou de uma comunidade. Por isso, envolva-se com um grupo de colegas cristãos que se reúnam para conversar sobre esses temas, compartilhar experiências, apoiar-se mutuamente e cultivar a vida espiritual. Muitas universidades têm representantes da ABU – Aliança Bíblica Universitária, e de outras organizações cristãs idôneas que visam precisamente oferecer auxílio aos estudantes que se deparam com esses desafios. Não deixe também de participar da igreja onde você encontra comunhão genuína e alimento sólido para a sua vida com Deus.
Em conclusão, procure encarar de maneira construtiva os desafios com que está se defrontando. Veja-os não como incômodos, mas como oportunidades dadas por Deus para ter uma fé mais madura e consciente, para conhecer melhor as Escrituras, para inteirar-se das críticas ao cristianismo e de como responder a elas, para dar o seu testemunho diante dos seus professores e colegas, por palavras e ações. Saiba que você não está só nessa empreitada. Além de irmãos que intercedem por sua vida, você conta com a presença, a força e a sabedoria do Senhor. Muitos já passaram por isso e foram vitoriosos. Meu desejo sincero é que o mesmo acontece com você. Deus o abençoe!
Pastor Alderi Souza de Matos
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
ACONTECIMENTO - As "95 Teses" de Martinho Lutero
Foi o criador do movimento protestante, conhecido como Reforma Protestante, que criticava inúmeros pontos da doutrina da Igreja Católica e propunha uma reforma no catolicismo. Para além disso impunha-se contra as indulgências (documento comprado pelos fiéis que lhes dava o perdão total ou parcial dos seus pecados ou dos seus parentes que se encontravam no Purgatório) pois considerava-as um abuso que poderia levar as pessoas a confiarem apenas nas indulgências como remissão para os seus pecados, pondo de parte a confissão e o arrependimento verdadeiros e a prática necessária de boas acções. Para tal proferiu sermões contra as mesmas e criou a obra "95 Teses" onde defendia que as indulgências eram um acto avarento da Igreja e propunha um debate teológico sobre o significado das mesmas.
Esta obra valeu-lhe a desaprovação da Igreja Católica, declarando-o um herege e afirmando que as suas teorias eram uma apostasia (afastamento deliberado da sua fé, renuncia da sua doutrina). Em 1521, Lutero foi excomungado pela Igreja e pelo decreto do Rei D. Carlos V (Édito de Worms) foi considerado um inimigo do Estado e da própria Igreja. Lutero escapou à prisão e isolou-se no seu castelo (Wartburg), onde permaneceu vários anos. Posteriormente foi autorizado a regressar à vida pública e dedicou-se à definição das bases da Reforma Protestante, como seu criador e forte pilar.
Com um desejo ardente de trazer a verdade à luz, as seguintes teses serão defendidas em Wittenberg sob a presidência do Rev. Frei Martinho Lutero, Mestre de Artes, Mestre de Sagrada Teologia e Professor oficial da mesma. Ele, portanto, pede que todos os que não puderem estar presentes e disputar com ele verbalmente, façam-no por escrito.
Em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Amém.
1. Ao dizer: "Fazei penitência", etc. [Mt 4.17], o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência.
2. Esta penitência não pode ser entendida como penitência sacramental (isto é, da confissão e satisfação celebrada pelo ministério dos sacerdotes).
3. No entanto, ela não se refere apenas a uma penitência interior; sim, a penitência interior seria nula se, externamente, não produzisse toda sorte de mortificação da carne.
4. Por conseqüência, a pena perdura enquanto persiste o ódio de si mesmo (isto é a verdadeira penitência interior), ou seja, até a entrada do reino dos céus.
5. O papa não quer nem pode dispensar de quaisquer penas senão daquelas que impôs por decisão própria ou dos cânones.
6. O papa não tem o poder de perdoar culpa a não ser declarando ou confirmando que ela foi perdoada por Deus; ou, certamente, perdoados os casos que lhe são reservados. Se ele deixasse de observar essas limitações, a culpa permaneceria.
7. Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo humilhada, ao sacerdote, seu vigário.
8. Os cânones penitenciais são impostos apenas aos vivos; segundo os mesmos cânones, nada deve ser imposto aos moribundos.
9. Por isso, o Espírito Santo nos beneficia através do papa quando este, em seus decretos, sempre exclui a circunstância da morte e da necessidade.
10. Agem mal e sem conhecimento de causa aqueles sacerdotes que reservam aos moribundos penitências canônicas para o purgatório.
11. Essa cizânia de transformar a pena canônica em pena do purgatório parece ter sido semeada enquanto os bispos certamente dormiam.
12. Antigamente se impunham as penas canônicas não depois, mas antes da absolvição, como verificação da verdadeira contrição.
13. Através da morte, os moribundos pagam tudo e já estão mortos para as leis canônicas, tendo, por direito, isenção das mesmas.
14. Saúde ou amor imperfeito no moribundo necessariamente traz consigo grande temor, e tanto mais quanto menor for o amor.
15. Este temor e horror por si sós já bastam (para não falar de outras coisas) para produzir a pena do purgatório, uma vez que estão próximos do horror do desespero.
16. Inferno, purgatório e céu parecem diferir da mesma forma que o desespero, o semidesespero e a segurança.
17. Parece necessário, para as almas no purgatório, que o horror devesse diminuir à medida que o amor crescesse.
18. Parece não ter sido provado, nem por meio de argumentos racionais nem da Escritura, que elas se encontrem fora do estado de mérito ou de crescimento no amor.
19. Também parece não ter sido provado que as almas no purgatório estejam certas de sua bem-aventurança, ao menos não todas, mesmo que nós, de nossa parte, tenhamos plena certeza disso.
20. Portanto, por remissão plena de todas as penas, o papa não entende simplesmente todas, mas somente aquelas que ele mesmo impôs.
21. Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida de toda pena e salva pelas indulgências do papa.
22. Com efeito, ele não dispensa as almas no purgatório de uma única pena que, segundo os cânones, elas deveriam ter pago nesta vida.
23. Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas a alguém, ele, certamente, só é dado aos mais perfeitos, isto é, pouquíssimos.
24. Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente ludibriada por essa magnífica e indistinta promessa de absolvição da pena.
25. O mesmo poder que o papa tem sobre o purgatório de modo geral, qualquer bispo e cura tem em sua diocese e paróquia em particular.
26. O papa faz muito bem ao dar remissão às almas não pelo poder das chaves (que ele não tem), mas por meio de intercessão.
27. Pregam doutrina mundana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando [do purgatório para o céu].
28. Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa [caixa de coleta de rendas oriundas da venda de “cartas de indulgência”], pode aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apenas da vontade de Deus.
29. E quem é que sabe se todas as almas no purgatório querem ser resgatadas, como na história contada a respeito de São Severino e São Pascoal?
30. Ninguém tem certeza da veracidade de sua contrição, muito menos de haver conseguido plena remissão.
31. Tão raro como quem é penitente de verdade é quem adquire autenticamente as indulgências, ou seja, é raríssimo.
32. Serão condenados em eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua salvação através de carta de indulgência.
33. Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem serem as indulgências do papa aquela inestimável dádiva de Deus através da qual a pessoa é reconciliada com Ele.
34. Pois aquelas graças das indulgências se referem somente às penas de satisfação sacramental, determinadas por seres humanos.
35. Os que ensinam que a contrição não é necessária para obter redenção ou indulgência, estão pregando doutrinas incompatíveis com o cristão.
36. Qualquer cristão que está verdadeiramente contrito tem remissão plena tanto da pena como da culpa, que são suas dívidas, mesmo sem uma carta de indulgência.
37. Qualquer cristão verdadeiro, vivo ou morto, participa de todos os benefícios de Cristo e da Igreja, que são dons de Deus, mesmo sem carta de indulgência.
38. Contudo, o perdão distribuído pelo papa não deve ser desprezado, pois – como disse – é uma declaração da remissão divina [nesta tese é clara que a postura de Lutero não é cismática, mas reformadora, pois reconhecia, pelo menos em 1517, o papel do Papa como intercessor].
39. Até mesmo para os mais doutos teólogos é dificílimo exaltar simultaneamente perante o povo a liberalidade de indulgências e a verdadeira contrição.
40. A verdadeira contrição procura e ama as penas, ao passo que a abundância das indulgências as afrouxa e faz odiá-las, ou pelo menos dá ocasião para tanto. [Lutero insiste no valor pedagógico do castigo, na utilidade do sofrimento, no recurso necessário aos métodos repressivos – tanto em matéria de fé quanto de política.]
41. Deve-se pregar com muita cautela sobre as indulgências apostólicas, para que o povo não as julgue erroneamente como preferíveis às demais boas obras do amor.
42. É necessário ensinar aos cristãos que não é pensamento do papa que a compra de indulgências possa, de alguma forma, ser comparada às obras de misericórdia.
43. É necessário ensinar aos cristãos que aquele que dá aos pobres ou empresta aos necessitados faz melhor do que comprar indulgências. [Esta tese tem dois alvos: no âmbito geral, a elite nobre e não-nobre alemã que desperdiçava recursos em encomendas de missas ou patrocínio de igrejas às custas da miséria ou exploração dos seus subordinados; no âmbito particular, o Cardeal Alberto de Brandeburgo (1490-1545). Para ter a sua confirmação para o Arcebispado de Mayence em 1514, Alberto tinha que conseguir uma soma considerável e enviá-la para Roma. Para isso, fez um empréstimo e assentou-o, com autorização papal, sobre a arrecadação das indulgências vinculadas à construção da Basílica de São Pedro em Roma. Segundo o acordo entre Alberto e o Papado, metade do arrecadado iria para a construção da basílica e a outra metade para Alberto liquidar as suas dívidas provenientes do investimento no arcebispado. No final das contas, o Papa teria o conjunto das rendas de Brandeburgo vinculadas às indulgências.]
44. Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa se torna melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna melhor, mas apenas mais livre da pena.
45. É necessário ensinar aos cristãos que quem vê um carente e o negligência para gastar com indulgências obtém para si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus.
46. É necessário ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que é necessário para sua casa e de forma alguma desperdiçar dinheiro com indulgência.
47. É necessário ensinar aos cristãos que a compra de indulgências é livre e não constitui obrigação.
48. É necessário ensinar aos cristãos que, ao conceder perdões, o papa tem mais desejo (assim como tem mais necessidade) de oração devota em seu favor do que do dinheiro que se está pronto a pagar.
49. É necessário ensinar aos cristãos que as indulgências do papa são úteis se não depositam sua confiança nelas, porém, extremamente prejudiciais se perdem o temor de Deus por causa delas.
50. É necessário ensinar aos cristãos que, se o papa soubesse das exações dos pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.
51. É necessário ensinar aos cristãos que o papa estaria disposto – como é seu dever – a dar do seu dinheiro àqueles muitos de quem alguns pregadores de indulgências extorquem ardilosamente o dinheiro, mesmo que para isto fosse necessário vender a Basílica de S. Pedro.
52. Vã é a confiança na salvação por meio de cartas de indulgências, mesmo que o comissário ou até mesmo o próprio papa desse sua alma como garantia pelas mesmas.
53. São inimigos de Cristo e do Papa aqueles que, por causa da pregação de indulgências, fazem calar por inteiro a palavra de Deus nas demais igrejas.
54. Ofende-se a palavra de Deus quando, num sermão, se dedica tanto ou mais tempo às indulgências do que a ela.
55. A atitude do Papa necessariamente é: se as indulgências (que são o menos importante) são celebradas com um toque de sino, uma procissão e uma cerimônia, o Evangelho (que é o mais importante) deve ser anunciado com uma centena de sinos, procissões e cerimónias.
56. Os tesouros da Igreja, a partir dos quais o papa concede as indulgências, não são suficientemente mencionados nem conhecidos entre o povo de Cristo.
57. É evidente que eles, certamente, não são de natureza temporal, visto que muitos pregadores não os distribuem tão facilmente, mas apenas os juntam.
58. Eles tão pouco são os méritos de Cristo e dos santos, pois estes sempre operam, sem o papa, a graça do ser humano interior e a cruz, a morte e o inferno do ser humano exterior.
59. S. Lourenço disse que os pobres da Igreja são os tesouros da mesma, empregando, no entanto, a palavra como era usada em sua época.
60. É sem temeridade que dizemos que as chaves da Igreja, que foram proporcionadas pelo mérito de Cristo, constituem estes tesouros.
61. Pois está claro que, para a remissão das penas e dos casos especiais, o poder do papa por si só é suficiente.
62. O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.
63. Mas este tesouro é certamente o mais odiado, pois faz com que os primeiros sejam os últimos.
64. Em contrapartida, o tesouro das indulgências é certamente o mais benquisto, pois faz dos últimos os primeiros.
65. Portanto, os tesouros do Evangelho são as redes com que outrora se pescavam homens possuidores de riquezas.
66. Os tesouros das indulgências, por sua vez, são as redes com que hoje se pesca a riqueza dos homens.
67. As indulgências, tão apregoadas pelos seus vendedores como as maiores graças, realmente podem ser entendidas como tais, na medida em que dão bom rendimento.
68. Entretanto, na verdade, elas são as graças mais ínfimas em comparação com a graça de Deus e a piedade da cruz.
69. Os bispos e curas têm a obrigação de admitir com toda a reverência os comissários de indulgências apostólicas.
70. Têm, porém, a obrigação ainda maior de observar com os dois olhos e ouvir com ambos os ouvidos para que esses comissários não preguem os seus próprios sonhos em lugar do que lhes foi incumbidos pelo papa.
71. Seja excomungado e amaldiçoado quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas.
72. Aquele, porém, que se insurgir contra as palavras insolentes e arrogantes dos pregadores de indulgências, seja abençoado.
73. Assim como o papa, com razão, fulmina aqueles que, de qualquer forma, procuram defraudar o comércio de indulgências,
74. Muito mais deseja fulminar aqueles que, a pretexto das indulgências, procuram fraudar a santa caridade e a verdade.
75. A opinião de que as indulgências papais são tão eficazes a ponto de poderem absolver um homem mesmo que tivesse violado a mãe de Deus, caso isso fosse possível, é loucura.
76. Afirmamos, pelo contrário, que as indulgências papais não podem anular sequer o menor dos pecados venais no que se refere à sua culpa.
77. A afirmação de que nem mesmo São Pedro, caso fosse o papa actualmente, poderia conceder maiores graças é blasfêmia contra São Pedro e o Papa.
78. Dizemos contra isto que qualquer papa, mesmo São Pedro, tem maiores graças que essas, o saber, o Evangelho, as virtudes, as graças da administração (ou da cura), etc., como está escrito em I.Coríntios XII.
79. É blasfêmia dizer que a cruz com as armas do papa, insigneamente erguida, equivale à cruz de Cristo.
80. Terão que prestar contas os bispos, curas e teólogos que permitem que semelhantes sermões sejam difundidos entre o povo.
81. Essa licenciosa pregação de indulgências faz com que não seja fácil nem para os homens doutos defender a dignidade do papa contra calúnias ou questões, sem dúvida argutas, dos leigos.
82. Por exemplo: Porque é que o papa não esvazia o purgatório por causa do santíssimo amor e da extrema necessidade das almas – o que seria a mais justa de todas as causas –, se redime um número infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a construção da basílica – que é uma causa tão insignificante?
83. Do mesmo modo: Porque é que se mantêm as exéquias e os aniversários dos falecidos e por que ele não restitui ou permite que se recebam de volta as doações efetuadas em favor deles, visto que já não é justo orar pelos redimidos?
84. Do mesmo modo: Que nova piedade de Deus e do papa é essa que, por causa do dinheiro, permite ao ímpio e inimigo redimir uma alma piedosa e amiga de Deus, mas não a redime por causa da necessidade da mesma alma piedosa e dileta por amor gratuito?
85. Do mesmo modo: Porque é que os cânones penitenciais – de facto e por desuso já há muito revogados e mortos – ainda assim são redimidos com dinheiro, pela concessão de indulgências, como se ainda estivessem em pleno vigor?
86. Do mesmo modo: Porque é que o papa, que tem hoje o saco mais cheio do que os mais ricos, ao menos não constrói a Basílica de S. Pedro com os seus rendimentos, em vez de o fazer com o dinheiro dos seus pobres fiéis?
87. Do mesmo modo: O que é que o papa perdoa e concede àqueles que, pela contrição perfeita, têm direito à plena remissão e participação?
88. Do mesmo modo: Que benefício maior se poderia proporcionar à Igreja do que se o papa, assim como agora o faz uma vez, da mesma forma concedesse essas remissões e participações cem vezes ao dia a qualquer dos fiéis?
89. Já que, com as indulgências, o papa procura mais a salvação das almas do que o dinheiro, por que suspende as cartas e indulgências, outrora já concedidas, se são igualmente eficazes?
90. Reprimir esses argumentos muito perspicazes dos leigos somente pela força, sem refutá-los apresentando razões, significa expor a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos e fazer os cristãos infelizes.
91. Se, as indulgências fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do papa, todas essas objecções poderiam ser facilmente respondidas e nem teriam surgido.
92. Portanto, fora com todos esses profetas que dizem ao povo de Cristo "Paz, paz!" sem que haja paz!
93. Que prosperem todos os profetas que dizem ao povo de Cristo "Cruz! Cruz!" sem que haja cruz!
94. Devem exortar-se os cristãos a que se esforcem por seguir Cristo, seu salvador, através das penas, da morte e do inferno.
95. E que confiem entrar no céu antes passando por muitas atribulações do que por meio da confiança da paz.
Texto: Max Lucado
Uma família de esquilos fez a sua casa nas raízes de uma árvore ao norte do meu escritório.Nós já somos vizinhos há três anos. Eles me espiam quando eu trabalho no computador. Eu os vejo armazenar suas nozes e subir no tronco. É um mútuo entretenimento. Eu poderia ficar olhando para eles o dia inteiro. Às vezes, fico.
Mas nunca considerei me tornar um deles . O mundo dos esquilos não exerce apelo nenhum a mim. Quem quer dormir ao lado de um peludo roedor com olhos grandes e redondos? Trocar as montanhas rochosas, a pesca fluvial, o casamento,as gargalhadas por um buraco no chão e uma dieta de nozes sujas? Não conte comigo.
Mas conte com Jesus.Que mundo que ele deixou. Nossa mansão mais luxuosa seria um tronco de árvore para ele. A gastronomia mais requintada do mundo seriam nozes na mesa do céu. E a idéia de se tornar um esquilo com patas, dentinhos e uma cauda peluda? Não é nada comparado com Deus se tornando um embrião unicelular e entrando no útero de Maria.
Mas ele fez isso. O Deus do universo chutou as paredes de um útero, nasceu pobre como um camponês e passou a sua primeira noite no cocho de uma vaca.
Por quê? Ele adora estar com aqueles que ele ama!
" Nisto consiste o amor:não que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu filho como propiciação pelos nossos pecados."
{ I João 4:10}
FRASES DOS HERÓIS DA FÉ
Postado por: Regina R. De Mello

Qualquer ensinamento que não se enquadre nas Escrituras deve ser rejeitado, mesmoque faça chover milagres todos os dias. Martinho Lutero
Nenhum verdadeiro cristão pertence a si mesmo. João Calvino Já houve grandes e gloriosos dias do Evangelho neste país, mas eles foram pequenos em comparação com o que ainda vai acontecer. JAMES RENWICK - Um mártir (1688) Se o universo pudesse ter criado a si mesmo, incorporaria os poderes de um criador, e seríamos forçados a concluir que o universo propriamente dito é um deus. George Davis Se seu cristianismo é confortável, está comprometido. J. Blanchard Vida cristã não é lutar por uma posição, mas a partir de uma posição. Paul O. Kroon Nosso alvo deve ser um cristianismo que, como a seiva de uma árvore, corra por todo o tronco e folhas de nosso caráter, santificando tudo. J. C. Ryle O cristianismo pode ser reduzido a quatro ações: admitir, submeter-se, dedicar-se e transmitir. Samuel Wilberforce
A paz, se possível, mas a verdade, a qualquer preço. Lutero Nada se esquece mais lentamente que uma ofensa e nada mais rápido que um favor. Lutero A humildade dos hipócritas é o maior e o mais altaneiro dos orgulhos. Lutero Não nos deixemos iludir, em religião, como em tudo mais, conhecimento é poder. (...) Nada, nem fervor, nem devoção, nem zelo, podem afastar a necessidade de conhecimento. Se conhecimento sem zelo é inútil, zelo sem conhecimento é ainda pior, é positivamente destrutivo. Benjamin Warfield Procuremos entender a vocação própria dos eleitos, os quais não são eleitos porque creram, mas são eleitos para que cheguem a crer. O próprio Senhor revela a existência desta classe de vocação ao dizer: Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi (Jo 15: 16). Pois, se fossem eleitos porque creram, tê-lo-iam escolhido antes ao crer nele e assim merecerem ser eleitos. Agostinho Deus nos escolhe! Qual o critério? Haveria em nós alguma coisa que chamasse a atenção de Deus, uma qualidade a mais, uma dedicação a mais? Na verdade, nada. Ele nos escolhe em Cristo; esse mesmo Cristo que morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. Aí, pois, se acha o critério: a graça de Deus que se concretiza em Cristo. E graça, para deixar bem claro, é o amor que o pecador recebe, mesmo sem merecer. Martinho Lutero É claro que quem vive e morre não regenerado não pode ser salvo. Não há salvação da desgraça eterna para quem não foi libertado do estado de pecado. Se pudéssemos ser salvos sem a regeneração, sem a renovação das nossas naturezas, não haveria conseqüentemente a necessidade de que todas as coisas fossem criadas novamente por Jesus Cristo. John Owen Se refletirmos quão acentuado é a tendência da mente humana para esquecer a Deus, quão grande é a inclinação dos homens para com toda espécie de erro e quão pronunciado é o gosto deles para forjar, a cada instante, novas fantasiosas religiões, poderemos perceber como foi necessária a autenticação escrita da doutrina celeste, para que ela não desaparecesse pelo esquecimento, nem se desfizesse pelo erro, nem fosse corrompida pela petulância dos homens. Deste modo, como está sobejamente demonstrado, Deus providenciou o auxilio de Sua PALAVRA para todos aqueles aquém quis instruir de maneira eficaz, pois sabia ser insuficiente a impressão de Sua Imagem na estrutura do universo. Portanto, se desejamos, com seriedade, contemplar a Deus de forma genuína, precisamos trilhar a reta vereda indicada na Sua Palavra. João Calvino O cão late quando seu dono é atacado. Eu seria um covarde se visse a verdade divina ser atacada e continuasse em silêncio, sem dizer nada. João Calvino

Esta é uma entrevista fictícia feita com o reformador alemão Martinho Lutero (1483-1546) na cidade de Wittenberg, no ano do lançamento da primeira edição da Bíblia por ele traduzida (1534).
Embora fictício, o texto é baseado na história. As respostas oferecidas pelo mais famoso vulto da Reforma Religiosa do século 16, que aparecem entre aspas, são da autoria dele mesmo e foram retiradas de seus próprios escritos, reunidos no volume 5 de “Martinho Lutero — Obras Selecionadas”, publicado no Brasil em 1995.
Nesta entrevista, o leitor perceberá que os problemas sociais de hoje são iguais aos da Europa de 500 e poucos anos atrás, inclusive na constatação de que os ricos tornam-se cada vez mais ricos e os pobres, cada vez mais pobres, no Brasil, nos Estados Unidos e em quase todos os demais países. O entrevistado é chamado de “doutor” porque assim se dirigiam a ele. Seu doutorado em Escrituras Sagradas foi obtido na Universidade de Wittenberg em outubro de 1512, um mês antes de ele completar 29 anos.
Repórter – O doutor publicou o “Pequeno Sermão sobre a Usura”, no final de 1519, e o “Grande Sermão sobre a Usura”, no início do ano seguinte. Qual a diferença entre os dois tratados?
Lutero – Não fui eu quem os chamei de “pequeno” e “grande”. São duas edições de um mesmo opúsculo. A única diferença entre um e outro é que o tratado de 1520 é uma reedição consideravelmente ampliada do tratado anterior. A segunda edição do “Sermão sobre a Usura” foi lançada por causa da repercussão que o escrito teve aqui em Wittenberg e em Leipzig.
Repórter – Qual era a sua idade na época?
Lutero – Eu tinha acabado de completar 36 anos. Era professor de Bíblia na Universidade de Wittenberg e ainda não havia sido excomungado pelo papa.
Repórter – O que o levou a escrever sobre comércio e usura?
Lutero – Desde a metade do século passado, está havendo uma grande expansão da manufatura, principalmente na fabricação de armas, tecidos, vidros e metais. O acúmulo de capital experimenta um crescimento enorme. Com a descoberta e a colonização do Novo Mundo, o comércio tem se expandido descontroladamente. O que se vê hoje é o empobrecimento progressivo de famílias com rendimentos modestos e o enriquecimento excessivo de poucos. A poderosa casa bancária dos Fugger, em Augsburgo, por exemplo, está financiando a invasão e a conquista da América. Foram eles quem bancaram a candidatura de Carlos V, sucessor do imperador Maximiliano I. “É preciso saber que, em nossos dias, a ganância e a usura não apenas se instalaram imensamente em todo o mundo, mas que alguns também se atreveram a descobrir alguns subterfúgios sob os quais podem praticar livremente sua maldade sob o manto da justiça. Chegamos quase ao ponto de já não fazermos mais nenhum caso do santo Evangelho. Escrevi esses sermões e outros, porque é necessário que, nestes tempos perigosos, cada qual se previna e proceda com discernimento no trato com bens temporais, observando com atenção o Evangelho de Cristo, nosso Senhor.”
Repórter – O doutor crê que esses sermões sobre a usura vão surtir algum efeito?
Lutero – “Creio até que este meu escrito será quase em vão, uma vez que a desgraça se instalou profundamente e tomou conta em toda parte. No entanto, tenho sido solicitado e exortado a tratar destas questões financeiras e pôr a descoberto algumas delas — embora muitos preferissem que não o fizesse — para que pelo menos alguns, por menor que seja o número, sejam resgatados da voragem e goela da ganância. Provavelmente alguns que pertencem a Cristo, preferem ser pobres com Deus a serem ricos com o diabo, como diz o Salmo 37.16. Por amor a esses, portanto, precisamos falar.”
Repórter – O doutor está afirmando que o cristão não deve exercer a profissão de comerciante?
Lutero – “Não se pode negar que comprar e vender são atividades necessárias. Não podem ser dispensadas, mas podem ser praticadas de forma cristã, especialmente em relação às coisas necessárias e honrosas. Os patriarcas venderam e compraram gado, lã, cereais, manteiga, leite e outros bens. São dádivas de Deus, que Ele concede da terra e reparte entre os seres humanos. No entanto, o comércio exterior, aquele que traz mercadorias de Calcutá, da Índia e de outros lugares estrangeiros, não deveria ser permitido. Esse comércio traz seda preciosa, ourivesaria e especiarias, que somente servem de ostentação e não têm utilidade, sugando o dinheiro do país e das pessoas.”
Repórter – No seu modo de entender, existe alguma regra que disciplina a ganância?
Lutero – “Os comerciantes têm uma regra comum entre si, que é seu lema principal e fundamento de todo negócio. Eles dizem: “Posso vender minha mercadoria tão caro quanto puder”. Acham que este é um direito deles. Aí se dá espaço à ganância e se abrem todas as portas e janelas para o inferno. Desta maneira o comércio não pode fazer outra coisa, senão pilhar e furtar as posses dos outros. A regra não deveria ser: ‘Posso vender minha mercadoria tão caro quanto puder ou quiser” mas “Posso vender minha mercadoria tão caro quanto eu devo ou quanto é correto e justo’. A forma mais adequada e segura seria que a autoridade governamental nomeasse pessoas sensatas e honestas que avaliassem todos os tipos de mercadoria quanto a seus custos e estabelecessem, a partir daí, o preço máximo que elas deveriam custar. Nós, alemães, porém, temos que beber e dançar e não podemos dedicar-nos à elaboração de tal regulamentação.”
Repórter – No “Sermão sobre a Usura”, o doutor condena a prática da fiança, pela qual alguém abona uma obrigação alheia. Pode comentar o assunto?
Lutero – “Mesmo que a fiança pareça isenta de pecado e uma virtude de amor, ela geralmente arruína muitas pessoas, infligindo-lhes prejuízo insuperável. O rei Salomão proibiu essa prática em diversas ocasiões, como se pode ver em Provérbios (6.1-5; 20.16; 22.26 e 27.13). A Escritura prescreve que não se deve confiar em pessoa alguma, nem fiar-se nela, mas somente em Deus. Pois a natureza humana é falha, frívola, mentirosa e incerta, como diz a Escritura e como também a experiência o ensina diariamente.”
Repórter – O doutor nunca se tornou fiador de alguém?
Lutero – Bem, lembro-me de ter sido fiador de algumas pessoas necessitadas que obtiveram crédito na caixa comunitária em Wittenberg. Por causa disso cheguei a dever 100 florins no ano de 1527. Fui obrigado a penhorar três taças pelo valor de 50 florins. Aflito, pedi desculpas a Deus pela minha imprudência e roguei que Ele me libertasse novamente.
Repórter – 100 florins é muito dinheiro?
Lutero – Com menos da metade desse valor eu posso comprar um terreno na periferia de Wittenberg. Nós, professores da universidade, estamos ganhando entre 100 e 200 florins por ano.
Repórter – O doutor declara que o comércio está cheio de “diversos expedientes malignos” e “truques financeiros perniciosos”. Pode explicar melhor?
Lutero – Nada me custa “relatar aqui algumas dessas espertezas e fraudes que eu mesmo observei, ou que me foram denunciadas por corações bons e honestos. Em primeiro lugar, alguns não têm problema de consciência em vender sua mercadoria mais cara a prazo do que à vista. Eles nem aceitam vender mercadoria à vista, mas apenas a prazo, só para terem lucro maior. Em segundo lugar, existem aqueles que vendem sua mercadoria acima da cotação da praça. Elevam os preços só porque sabem que essa mercadoria não existe mais na região ou dentro de pouco não mais será fornecida. Eis aí um olho malicioso da ganância, que se fixa na necessidade do próximo, não para supri-la, mas somente para aproveitar-se dela e enriquecer-se com o prejuízo do próximo. São todos uns ladrões, assaltantes e agiotas públicos. Também existem os que compram todo o estoque de algum bem ou mercadoria numa região ou numa cidade para tê-lo em seu exclusivo poder e então fixar o preço, elevá-lo e vender tão caro quanto queiram ou possam. Quando não conseguem estabelecer seu monopólio, porque há outros que também dispõem da mesma mercadoria e dos mesmos bens, eles passam a oferecer sua mercadoria tão barato, que os concorrentes não conseguem acompanhar, forçando-os assim a deixar de vender ou a se arruinarem, vendendo tão barato quanto aqueles. Na verdade, não haveria necessidade de relatar esses abusos, mas eu os incluo para que se veja quanta malandragem existe nos negócios comerciais, e para que todos saibam o que se passa no mundo e se acautelem contra essa categoria perigosa.”
Repórter– O mesmo Salomão, que o doutor citou há pouco, condena as balanças desonestas e os pesos adulterados (Pv 11.1; 20.23). Há esse problema na Alemanha?
Lutero – “Não há mercadoria da qual não se saiba tirar vantagem na medida, na contagem, na vara métrica, no volume ou peso. Às vezes dão uma cor que ela não tem por si mesma. É uma fraude atrás da outra. Até falência fraudulenta existe. Os que a cometem costumam se esconder num convento até a poeira assentar. Tudo fede a ganância, tudo está afogado e mergulhado num grande mar de lama. Já não tenho mais esperanças de que se possa melhorar tudo isso. Na verdade, tudo está tão sobrecarregado com maldade e fraudes, que deixa de ser sustentável a longo prazo, tendo que ruir por si mesmo.”
Repórter – Quem rouba mais: os ladrões de estrada ou os comerciantes desonestos?
Lutero – “Os comerciantes roubam todo o mundo diariamente enquanto um cavaleiro pirata assalta um ou dois uma ou duas vezes por ano.”
Repórter – E o governo não faz nada?
Lutero– “Reis e príncipes deveriam cuidar disso e coibi-lo com justiça rigorosa. Porém ouço que eles são farinha do mesmo saco. As coisas acontecem como em Israel na época do profeta Isaías: ‘os seus chefes são bandidos, cúmplices de ladrões, todos eles gostam de suborno, correm atrás de presentes’ (Is 1.23). Enquanto isso mandam enforcar ladrões que furtam um ou meio florim, e transitam com aqueles que saqueiam o mundo inteiro e roubam mais que todos os outros. Assim se confirma o adágio: ‘Os ladrões graúdos enforcam os miúdos’. Ou, como dizia o senador romano Catão: ‘Os ladrões pequenos estão em grilhões nas cadeias, mas os ladrões notórios trajam ouro e seda’.”
Repórter – Como vivem os pobres hoje na Alemanha?
Lutero – Nossas cidades estão sendo invadidas por mendigos itinerantes em busca de auxílio de instituições de previdência social urbanas e eclesiásticas. Os pobres querem pelo menos a oportunidade de esmolar num meio com maior concentração urbana. Desde o final do século passado, as cidades européias vêm sofrendo as conseqüências do crescente empobrecimento de um contigente considerável da população.
Repórter– O doutor espera algum juízo da parte de Deus?
Lutero – “Deus fará o que diz através do profeta Ezequiel: ‘Como se ajunta prata, cobre, ferro, chumbo e estanho dentro de uma fornalha e se atiça o fogo para derretê-los, assim vos ajuntarei no furor da minha cólera e vos colocarei dentro para vos fundir’ (Ez 22.20). Deus fundirá príncipes e negociantes, um ladrão com o outro, como chumbo e estanho, como quando se incinera uma cidade, de modo a não sobrarem nem príncipes nem comerciantes. Tudo isso, temo eu, está prestes a acontecer, porque, de qualquer forma, sequer estamos pensando em nos corrigirmos, por maior que seja o pecado e a injustiça. Assim ele também não pode deixar impune a injustiça. Sei muito bem que o que estou dizendo não vai agradar. Talvez ignorem tudo e continuem do jeito que são. Eu mesmo, porém, estou desculpado e fiz minha parte, para que, quando Deus vier com o açoite, se enxergue que o merecemos com justiça. Se com isso eu tiver instruído ao menos uma alma, resgatando-a da voragem, não terei trabalhado em vão.”
Repórter – No início desta entrevista o doutor fez menção da casa bancária de um certo Fugger, de Augsburgo. Quem é ele?
Lutero – Jacó Fugger nasceu 24 anos antes de mim. Ele enriqueceu a partir de empreendimentos no setor da mineração de prata e cobre nas regiões do Tirol e da fronteira húngaro-eslovaca. Fugger provocou a falência das empresas de extração de cobre e as comprou por preço irrisório. Colocou em situação de dependência os governantes desses territórios, financiando seus empreendimentos. Ao morrer, em 1525, deixou cerca de 2 milhões de florins. Parte desse dinheiro tem sido usada por seu sobrinho Anton Fugger para bancar expedições de invasão, conquista e colonização por europeus na América do Sul, México e Índia, empreendimentos que têm trazido, em alguns casos, lucros de até mil por cento.
Referências:
Martinho Lutero — Obras Selecionadas. vol. V. Tradução de Walter O. Schlupp, Ilson Kayser e Walter Altmann. (Editora Sinodal e Concórdia Editora).Catecismo Menor de Martinho Lutero. 6. ed. (Editora Sinodal).
Martinho Lutero — Obras Selecionadas. vol. V. Tradução de Walter O. Schlupp, Ilson Kayser e Walter Altmann. (Editora Sinodal e Concórdia Editora).Catecismo Menor de Martinho Lutero. 6. ed. (Editora Sinodal).
Fonte: http://www.ultimato.com.br
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